sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

8° capitulo de Opera

Capítulo 8 -

Londres; Highgate High School; Sexta-feira; 11:59 da manhã;

- Melzinha. – Sophia disse chegando à mesa onde a amiga se encontrava. Rod, Chay e Lua olharam-na curiosos. – Ethan não veio à aula. – passou os olhos por todas as mesas, demorando um pouco mais na dos garotos do time de natação. De fato, ele não estava lá.
- Estranho, não é? – a amiga estreitou os olhos. – mica também não veio.
- Quem liga pro Borges? – revirou os olhos, impaciente.
Lua analisou-a. Ela era bonita. Sua pele, um pálido britânico – não tanto quanto a pele deThur. Estava com os cabelos bagunçados.
- Hey, hey, Sop! – Chay disse levantando as mãos. – Eu sei que o mica é um bosta mesmo, mas tem pessoas aqui que se importam com ele.
- Então onde é que ele está? – a garota desafiou, colocou as duas mãos na cintura.
- Provavelmente tomou um porre ontem e não se recuperou a tempo. – Rod balançou os ombros de leve, fazendo a prima rir baixo.
- E o Ethan? Ontem nem telefone ele atendeu...
- Sobre esse aí eu não sei nada não. – apoiou os cotovelos na mesa.
- Quem liga pro Ethan? – Chay copiou o tom que a garota fez, fazendo-a dar o dedo.
- A questão é que ele sumiu, e eu tenho a estranha impressão que isso está relacionado aoBorges...

Thur estava escorado no corredor, como sempre na hora dos intervalos, mas dessa vez não estava completamente sozinho. Tinha um livro em mãos.
- Que nojo o mundo, esse jardim de ervas daninhas. – riu baixo, dando um sorriso sombrio em seguida.

- Okay, Melzinha. Todos já foram embora, ainda temos cinco minutos pra chegar à sala. Vamos pensar. – Chay apoiou o queixo na mão, fixando o vazio.
- Você sabe que esse nunca foi o seu forte, amor. – a garota deu uma risada.
- Deixa de ser chata. – beijou seu pescoço. Ainda estavam sentados à mesa do refeitório, que estava deserto. – Sobre o que mesmo foram os flashbacks?
- Todos eles foram sobre a Ivane.
- Alguém mais aparecia?
- Em um deles, a Sophia e o Duan. – colocou o dedo indicador na boca, como se analisasse as lembranças.
- E o que eles estavam fazendo? – estimulou o raciocínio da namorada.
- A Sop estava conversando comigo. Estávamos esperando a Iv falar qualquer coisa com o ele na porta do ginásio.
- E o que teve em comum entre os dois flashbacks? – perguntou calmamente.
- Em comum...? – Mel estreitou os olhos. – Deve ser que todos os dois foram... – uma luz lhe veio à cabeça.

Arthur ainda estava com as costas apoiadas na parede do corredor quando Lua passou rapidamente por ele, sem olhá-lo. Ela estava o ignorando?
A menina tinha os cabelos presos por um rabo de lado, deixando à mostra sua nuca. Thur expirou mais devagar ao vê-la. Ela passava a impressão de ser tão indefesa...
- Hey, você. – disse alto pra que ela o ouvisse. Por que estava se preocupando tanto com essa garota? Por que ela?
- Pois não? – Luinha virou-se a contragosto. Algumas pessoas que passavam pelo corredor olharam pros dois.
- Você se incomodaria muito de vir aqui? – olhou pra baixo. O que, diabos, tinha dado nele?
Lua deu passos largos em sua direção, apesar da expressão séria.
- O que foi? – perguntou.
- Eu... – o rapaz coçou a cabeça, sem graça. – Trouxe esse livro. Acho que pode nos ajudar nos estudos sobre...
- Contos de Shakespeare? – ela o interrompeu, lendo o título, na capa.
- É um resumo.
- Ah, bom. – um breve silêncio se instalou entre os dois, fazendo com que ela cruzasse os braços atrás do corpo.
- Olha... – o garoto começou a falar, pigarreando em seguida. – Se quiser, não precisa pegar táxi pra ir pra casa.
- Está me oferecendo uma carona hoje de novo, Aguiar? – arqueou uma sobrancelha, desconfiada. Quem era ele e o que tinha feito com o impenetrável Arthur Aguiar?
Lua acabou segurando um sorriso, ao ter esse pensamento.

Entrou na sala encucada. No dia anterior mesmo o garoto a tinha chamado de dor de cabeça. Não com essas palavras, mas tinha. Ela era um atraso de vida pra ele, no fim das contas. Então pra quê oferecê-la carona?
Andaram lado a lado no corredor sem trocar uma palavra um com o outro. Thur parecia estar um pouco mais corado do que de costume. Tão pouco que era quase imperceptível. Não aos olhos dela. Por que ela percebia esse tipo de alteração nele? Isso era um mistério. Aliás, tudo o que rodeava Arthur Aguiar era um mistério. Sua vida, suas preferências, sua relação com Ivane Whinsky...

O celular de Rod vibrou duas vezes no meio da aula do senhor Walker, acordando-o de seus pensamentos sobre o ano anterior. Quanta coisa tinha acontecido!
Tirou-o do bolso cuidadosamente, pra que o homem grisalho não o visse. Tinha recebido uma mensagem. De mica.

- Opa! – Duan gritou ao esbarrar em Lua no corredor, depois do sinal do fim da aula.
Vários alunos perambulavam pelo corredor, tornando o local cheio, como num formigueiro.
- Já é a segunda vez. – Luinha riu sem graça olhando em seus olhos esmeralda. – E aí, como vai?
- Muito bem, garota brasileira. E você? – ele esboçou um sorriso provocante.
- Bem, também. – Lua colocou uma mecha do cabelo que tinha soltado da gominha pra trás da orelha, sem jeito.
- Está indo pra casa agora?
- Estou, na verdade. - ela respondeu.
- Posso pelo menos te acompanhar até o carro? – estendeu a mão como se pra segurar a pasta dela.
- Po... – Luinha gaguejou, observando um garoto passar andando ao seu lado. – Pode.

“Lua e Duan?! Hunf.” Thur pensou ao passar pelos dois, ficando ainda mais sério do que de costume. Aquela garota parecia ter o poder de atrair a todos. E ele sabia que se incluía nisso...

Londres; Highgate High School; Sexta-feira; 5:13 da tarde;

- Me atrasei? – Luinha chegou ofegante à garagem, já podendo observar o rapaz na posição de sempre, encostado ao Audi. - Ah, é claro que sim.
A expressão de poucos amigos dele indicava que devia estar no mínimo aborrecido. Ela abaixou um pouco a cabeça, esperando algum tipo de resposta mal educada, mas sabendo que ele tinha toda razão, já que ela o atrasara.
- Tudo bem. – ele disse gentilmente, surpreendendo-a.
Thur abriu a porta para que a menina entrasse, assim como fizera no dia anterior. Para ela, definitivamente, nada mais fazia sentido.
Observou-o entrar pela outra porta, já colocando o cinto e girando a chave.

- Olha lá, Scott. – Bennet disse entre os carros, fazendo o amigo espiar o veículo que se afastava. – Eles estão mesmo de casinho.
- E isso é ótimo. – o outro deu uma risada sombria.

- Eu não te entendo. – ela disse enrolando uma mecha no cabelo. O garoto a olhou de rabo de olho. – Uma hora não me quer por perto. Volta atrás. Fala que eu sou uma dor de cabeça, e depois age como se estivesse arrependido. Vamos lá, Thur, qual é a sua? – juntou as sobrancelhas. Ela já parecia à vontade em chamá-lo pelo apelido.
Arthur continuou a olhar pra frente por alguns instantes, depois respirando fundo e murmurando as palavras:
- Você não é uma dor de cabeça, Lua. – chamou-a pelo nome pela primeira vez, fazendo com que o sangue percorresse mais quente tanto em seu corpo quanto no dela.
- Pode me chamar de Luinha. – disse automaticamente.
- Okay, Luinha. – ele curvou os cantos da boca, numa tentativa falha de sorriso. – Você não é uma dor de cabeça pra mim.
- Mas eu te perturbo. – os olhos dele se estreitaram. Não tinha como discutir sobre isso.
Ambos permaneceram um tempo em silêncio, fazendo com que ele apertasse o botão de ligar o rádio.
Thur batia os dedos no volante no ritmo da música, enquanto Luinha pegava o papel da capa do CD pra olhar a letra.
Você em seu mundo, separado do meu por um abismo. Ouça, me chame e eu voarei para o seu mundo distante. – a garota traduzia pro inglês a música de Andrea Bocelli, fazendo Arthur tampar a respiração por alguns instantes. – Por você eu voarei. Espere por mim, eu chegarei. Você é o fim da minha viagem. Por você eu voarei por céus e mares, até o seu amor. Quando abrir os olhos, por fim, com você vou estar... - sentiu o coração descompassar por alguns segundos, depois virou seu olhar terno na direção do menino e perguntou, com a voz doce: - Está apaixonado, Thur?
O carro entrou em alguns segundos silenciosos. Depois de um momento, o rapaz deu um sorriso torto e respondeu:
- Eternamente. – Luinha olhou pra baixo, sentindo um calor em seu peito, depois em seus olhos. Era uma reação estúpida, ela julgava. – E você?
Ela pensou por um momento.
- Acho que sim.
- E onde ele está?
- Muito distante. – riu baixo. – O oceano nos separa. – tornou novamente a olhá-lo. – E ela?
- Somos separados por um abismo muito maior que o oceano. – sussurrou, fazendo-a se calar.

Londres; Lowden Avenue; Sexta-feira; 8:57 da noite;

- Entrega logo pra ele, Kimberly. – Brittany ordenou, fazendo a garota estender um envelope.
Estava escuro, mas não o bastante pra que os rostos naquela rua ficassem irreconhecíveis. O homem que recebia o papel das meninas deu um sorriso malicioso. Tinha uma cicatriz na bochecha.
- Essa é a última parte do pagamento, nunca mais nos procure. – Kim irritou-se com os braços trêmulos.




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Creditos::A Lan,e adaptado por Brubs Barros de "Um Amor de Novela"

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