Capítulo 8 -
Londres; Highgate High School; Sexta-feira; 11:59 da manhã;
- Melzinha. – Sophia disse chegando à mesa onde a amiga se
encontrava. Rod, Chay e Lua olharam-na curiosos. – Ethan não
veio à aula. – passou os olhos por todas as mesas, demorando um pouco mais na
dos garotos do time de natação. De fato, ele não estava lá.
- Estranho, não é? – a amiga estreitou os olhos. – mica também não veio.
- Quem liga pro Borges? – revirou os olhos, impaciente.
Lua analisou-a. Ela era bonita. Sua pele, um pálido britânico – não tanto
quanto a pele deThur. Estava com os cabelos bagunçados.
- Hey, hey, Sop! – Chay disse levantando as mãos. – Eu sei que
o mica é um bosta mesmo, mas tem pessoas aqui que se importam com ele.
- Então onde é que ele está? – a garota desafiou, colocou as duas mãos na
cintura.
- Provavelmente tomou um porre ontem e não se recuperou a tempo. – Rod
balançou os ombros de leve, fazendo a prima rir baixo.
- E o Ethan? Ontem nem telefone ele atendeu...
- Sobre esse aí eu não sei nada não. – apoiou os cotovelos na mesa.
- Quem liga pro Ethan? – Chay copiou o tom que a garota fez, fazendo-a dar
o dedo.
- A questão é que ele sumiu, e eu tenho a estranha impressão que isso está
relacionado aoBorges...
Thur estava escorado no corredor, como sempre na hora dos intervalos, mas dessa
vez não estava completamente sozinho. Tinha um livro em mãos.
- Que nojo o mundo, esse jardim de ervas daninhas. – riu baixo, dando um
sorriso sombrio em seguida.
- Okay, Melzinha. Todos já foram embora, ainda temos cinco minutos pra
chegar à sala. Vamos pensar. – Chay apoiou o queixo na mão, fixando o
vazio.
- Você sabe que esse nunca foi o seu forte, amor. – a garota deu uma risada.
- Deixa de ser chata. – beijou seu pescoço. Ainda estavam sentados à mesa do
refeitório, que estava deserto. – Sobre o que mesmo foram os flashbacks?
- Todos eles foram sobre a Ivane.
- Alguém mais aparecia?
- Em um deles, a Sophia e o Duan. – colocou o dedo indicador na boca, como
se analisasse as lembranças.
- E o que eles estavam fazendo? – estimulou o raciocínio da namorada.
- A Sop estava conversando comigo. Estávamos esperando a Iv falar qualquer
coisa com o ele na porta do ginásio.
- E o que teve em comum entre os dois flashbacks? – perguntou calmamente.
- Em comum...? – Mel estreitou os olhos. – Deve ser que todos os dois
foram... – uma luz lhe veio à cabeça.
Arthur ainda estava com as costas apoiadas na parede do corredor
quando Lua passou rapidamente por ele, sem olhá-lo. Ela estava o
ignorando?
A menina tinha os cabelos presos por um rabo de lado, deixando à mostra sua
nuca. Thur expirou mais devagar ao vê-la. Ela passava a impressão de ser
tão indefesa...
- Hey, você. – disse alto pra que ela o ouvisse. Por que estava se preocupando
tanto com essa garota? Por que ela?
- Pois não? – Luinha virou-se a contragosto. Algumas pessoas que passavam
pelo corredor olharam pros dois.
- Você se incomodaria muito de vir aqui? – olhou pra baixo. O que, diabos,
tinha dado nele?
Lua deu passos largos em sua direção, apesar da expressão séria.
- O que foi? – perguntou.
- Eu... – o rapaz coçou a cabeça, sem graça. – Trouxe esse livro. Acho que pode
nos ajudar nos estudos sobre...
- Contos de Shakespeare? – ela o interrompeu, lendo o título, na capa.
- É um resumo.
- Ah, bom. – um breve silêncio se instalou entre os dois, fazendo com que ela
cruzasse os braços atrás do corpo.
- Olha... – o garoto começou a falar, pigarreando em seguida. – Se quiser, não
precisa pegar táxi pra ir pra casa.
- Está me oferecendo uma carona hoje de novo, Aguiar? – arqueou uma
sobrancelha, desconfiada. Quem era ele e o que tinha feito com o
impenetrável Arthur Aguiar?
Lua acabou segurando um sorriso, ao ter esse pensamento.
Entrou na sala encucada. No dia anterior mesmo o garoto a tinha chamado de dor
de cabeça. Não com essas palavras, mas tinha. Ela era um atraso de vida pra
ele, no fim das contas. Então pra quê oferecê-la carona?
Andaram lado a lado no corredor sem trocar uma palavra um com o
outro. Thur parecia estar um pouco mais corado do que de costume. Tão
pouco que era quase imperceptível. Não aos olhos dela. Por que ela percebia
esse tipo de alteração nele? Isso era um mistério. Aliás, tudo o que
rodeava Arthur Aguiar era um mistério. Sua vida, suas preferências,
sua relação com Ivane Whinsky...
O celular de Rod vibrou duas vezes no meio da aula do senhor Walker,
acordando-o de seus pensamentos sobre o ano anterior. Quanta coisa tinha
acontecido!
Tirou-o do bolso cuidadosamente, pra que o homem grisalho não o visse. Tinha
recebido uma mensagem. De mica.
- Opa! – Duan gritou ao esbarrar em Lua no corredor, depois do sinal do
fim da aula.
Vários alunos perambulavam pelo corredor, tornando o local cheio, como num
formigueiro.
- Já é a segunda vez. – Luinha riu sem graça olhando em seus olhos
esmeralda. – E aí, como vai?
- Muito bem, garota brasileira. E você? – ele esboçou um sorriso provocante.
- Bem, também. – Lua colocou uma mecha do cabelo que tinha soltado da
gominha pra trás da orelha, sem jeito.
- Está indo pra casa agora?
- Estou, na verdade. - ela respondeu.
- Posso pelo menos te acompanhar até o carro? – estendeu a mão como se pra
segurar a pasta dela.
- Po... – Luinha gaguejou, observando um garoto passar andando ao seu
lado. – Pode.
“Lua e Duan?! Hunf.” Thur pensou ao passar pelos dois, ficando
ainda mais sério do que de costume. Aquela garota parecia ter o poder de atrair
a todos. E ele sabia que se incluía nisso...
Londres; Highgate High School; Sexta-feira; 5:13 da tarde;
- Me atrasei? – Luinha chegou ofegante à garagem, já podendo observar o
rapaz na posição de sempre, encostado ao Audi. - Ah, é claro que sim.
A expressão de poucos amigos dele indicava que devia estar no mínimo
aborrecido. Ela abaixou um pouco a cabeça, esperando algum tipo de resposta mal
educada, mas sabendo que ele tinha toda razão, já que ela o atrasara.
- Tudo bem. – ele disse gentilmente, surpreendendo-a.
Thur abriu a porta para que a menina entrasse, assim como fizera no dia
anterior. Para ela, definitivamente, nada mais fazia sentido.
Observou-o entrar pela outra porta, já colocando o cinto e girando a chave.
- Olha lá, Scott. – Bennet disse entre os carros, fazendo o amigo espiar o
veículo que se afastava. – Eles estão mesmo de casinho.
- E isso é ótimo. – o outro deu uma risada sombria.
- Eu não te entendo. – ela disse enrolando uma mecha no cabelo. O garoto a
olhou de rabo de olho. – Uma hora não me quer por perto. Volta atrás. Fala que
eu sou uma dor de cabeça, e depois age como se estivesse arrependido. Vamos
lá, Thur, qual é a sua? – juntou as sobrancelhas. Ela já parecia à vontade
em chamá-lo pelo apelido.
Arthur continuou a olhar pra frente por alguns instantes, depois respirando
fundo e murmurando as palavras:
- Você não é uma dor de cabeça, Lua. – chamou-a pelo nome pela primeira
vez, fazendo com que o sangue percorresse mais quente tanto em seu corpo quanto
no dela.
- Pode me chamar de Luinha. – disse automaticamente.
- Okay, Luinha. – ele curvou os cantos da boca, numa tentativa falha de
sorriso. – Você não é uma dor de cabeça pra mim.
- Mas eu te perturbo. – os olhos dele se estreitaram. Não tinha como discutir
sobre isso.
Ambos permaneceram um tempo em silêncio, fazendo com que ele apertasse o botão
de ligar o rádio.
Thur batia os dedos no volante no ritmo da música, enquanto Luinha pegava
o papel da capa do CD pra olhar a letra.
- Você em seu mundo, separado do meu por um abismo. Ouça, me chame e eu
voarei para o seu mundo distante. – a garota traduzia pro inglês a música
de Andrea Bocelli, fazendo Arthur tampar a respiração por alguns
instantes. – Por você eu voarei. Espere por mim, eu chegarei. Você é o
fim da minha viagem. Por você eu voarei por céus e mares, até o seu amor.
Quando abrir os olhos, por fim, com você vou estar... - sentiu o
coração descompassar por alguns segundos, depois virou seu olhar terno na
direção do menino e perguntou, com a voz doce: - Está apaixonado, Thur?
O carro entrou em alguns segundos silenciosos. Depois de um momento, o rapaz
deu um sorriso torto e respondeu:
- Eternamente. – Luinha olhou pra baixo, sentindo um calor em seu peito,
depois em seus olhos. Era uma reação estúpida, ela julgava. – E você?
Ela pensou por um momento.
- Acho que sim.
- E onde ele está?
- Muito distante. – riu baixo. – O oceano nos separa. – tornou novamente a
olhá-lo. – E ela?
- Somos separados por um abismo muito maior que o oceano. – sussurrou,
fazendo-a se calar.
Londres; Lowden Avenue; Sexta-feira; 8:57 da noite;
- Entrega logo pra ele, Kimberly. – Brittany ordenou, fazendo a garota estender
um envelope.
Estava escuro, mas não o bastante pra que os rostos naquela rua ficassem
irreconhecíveis. O homem que recebia o papel das meninas deu um sorriso
malicioso. Tinha uma cicatriz na bochecha.
- Essa é a última parte do pagamento, nunca mais nos procure. – Kim irritou-se
com os braços trêmulos.
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Creditos::A Lan,e adaptado por Brubs Barros de "Um Amor de Novela"
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